O Hotel amaldiçoado do Guarujá

Pra quem acredita em Fantasmas #6

Dino Menezes
4 min readAug 18, 2018

Esta história começa em 1911, quando o milionário norte-americano Percival Farquhar compra um antigo hotel para ser demolido e dar lugar ao Grand Hotel Cassino La Plage. Farquhar tinha planos ambiciosos para o novo empreendimento: queria criar um hotel de luxo para a burguesia brasileira da época. Por isso, para projetá-lo, contratou um dos maiores arquitetos brasileiros, Ramos de Azevedo, que idealizou o luxuoso edifício construído na praia das Pitangueiras.

Ramos de Azevedo / Santos Dumont / Campos Salles.

A partir daí, com a inauguração do hotel em 1912, teve início uma sucessão de acontecimentos macabros que se desenrolam até os dias de hoje. O primeiro deles se deu em 1913, quando o ex-presidente da República Campos Salles morreu subitamente, após uma embolia pulmonar, no quarto de número 44 do recente La Plage, onde participava de um evento social. Mas, depois de 15 anos, ocorreu uma grande coincidência. Hospedado no mesmo quarto, o arquiteto Ramos de Azevedo também morreu misteriosamente no local, em uma sexta-feira 13 do ano de 1928.

Mas, o maior dos mistérios veio à tona em 1932, quando o inventor do avião, Alberto Santos Dumont, cometeu suicídio, enforcando-se com a gravata no fatídico cômodo de número 44. O motivo da morte foi abafado pela imprensa e pelas autoridades da época. Há relatos de que Santos Dumont teria sido assassinado por ser homossexual e não atender ao padrão aceito pela sociedade cafeicultora brasileira, o que representaria, no início do século 20, um dos primeiros casos escandalosos de homofobia.

Jornal Cidade de Santos 1932

Em 1949, durante a realização de um baile de Carnaval, aconteceu nova tragédia. Os irmãos Olímpio e Eduardo Matarazzo foram baleados e mortos no salão nobre do hotel por um delegado da polícia local, aparentemente após uma discussão corriqueira. O escândalo abalou a Sociedade Paulista à época. Finalmente, no ano de 1959, o Grand Hotel é demolido.

Porém, passados 106 anos da inauguração, coisas estranhas continuam a acontecer no local do terreno do antigo hotel, agora um famoso shopping da cidade do Guarujá. Há relatos de funcionários que afirmam terem presenciado manifestações paranormais, como a aparição de espectros. Dizem que o mais célebre dos mortos no local, o aviador Santos Dumont, ainda vaga por lá.

O funcionário que vamos chamar de João para preservar sua identidade, diz que muita gente que trabalha à noite escuta músicas e barulhos de festa, que sempre terminam com gritos e tiros. Os funcionários ouvem também choros e soluços, e nunca sabem de onde vêm estes sons.

João conta que já eram quase quatro da manhã quando um dos vigias que inspecionava os corredores viu o espectro de um homem enforcado pela gravata. O vigia saiu correndo desesperado, nunca mais voltou ao local. O funcionário disse também: “Como tudo isso sempre acontece entre três e quatro da manhã, não se tomam providências e acaba que os vigias e o pessoal da limpeza são sempre desacreditados e vistos como loucos”.

E completa: “Queria ver se fosse um grã-fino que tivesse visto o fantasma. Já teriam chamado alguém pra benzer o local. Tem que acreditar muito em Deus para trabalhar aqui, são poucos os que ficam. Antes do trabalho, rezo um Pai Nosso e venho para mais um dia de labuta. Esse lugar é amaldiçoado”.

Dizem que as construções foram feitas em cima de um antigo cemitério Tupi, e que os poucos índios que ainda restavam no Guarujá amaldiçoaram o local.

Cemitério Indígena

Texto e Fotos: Dino Menezes (Copyright / Todos os Direitos Reservados)

Revisão e colaboração: Simone De Marco Rodrigues

Designer e diagramação: Vanessa Rodrigues Aguiar.

Para conhecer mais, acesse: http://www.facebook.com/praquemacreditaemfantasmas

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Fontes do texto do historiador e escritor Eduardo Pin e Jornais da hemeroteca de Santos.
Texto de Dino Menezes.
Direitos Reservados

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Written by Dino Menezes

Idealizador do Projeto “Pra quem acredita em fantasmas“. Histórias de Terror baseadas em fatos reais. #cinema #literatura #fotografia #teatro